21 de setembro de 2017

Resenha - It, a Coisa

Especial com Comentários do Filme




Olá, meus amadinhos do Luar!
Como prometido, mas ainda depois do esperado, hoje finalmente trago a resenha de It, a Coisa. E para compensar a demora (a leitura foi feita em julho), vamos à uma resenha especial, onde falarei do livro e do filme! Siiiim, uma sutil comparação, porque a pessoa aqui é apenas uma humilde espectadora! E de quebra, vos deixarei aqui a playlist  das músicas do livro! Mas quero ressaltar ainda que hoje é um bom dia para essa resenha, porque coincidentemente é aniversário do nosso Stephen King! 😍 Então que Deus continue preservando essa boa alma! Vem comigo, vamos de It! 



Ele ergueu o olhar e viu Pennywise, o Palhaço, de pé no alto da escada da esquerda, olhando para ele. Seu rosto estava pintado de branco. A boca sangrava batom em um sorriso assassino. Havia buracos vazios onde os olhos deviam estar. Ele estava segurando balões em uma das mãos e um livro na outra






Antes de começar, quero ressaltar que eu fiz essa leitura em conjunto com o Barreto do Libre Livre (se não conhece, bora conhecer! O ig (@libre.livre) e o site dele são recheados de conteúdo de qualidade) e a Dani,  do ig Revisões Pomp (@revisoespomp). E foi uma leitura bem legal de ser feita em conjunto, porque olha... o que esse livro gera de assunto, risada e discussão... E com companhia é bem mais encorajador, confesso. Não pela história, mas pelo tamanho mesmo.


Uma das razões pelas quais eu demorei a resenhar esse livro, é minha habilidade natural de escrever uma bíblia para uma resenha de um livro simples, de 300 páginas. It, a Coisa, nos traz 1103 páginas. Então devo confessar, eu estava com medo de mim mesma escrevendo essa resenha! Porém não há muito do que fugir, visto que quero falar também do filme com vocês, minha única esperança é que vocês realmente se interessem e não me abandonem no meio do caminho!


Para início de conversa, se você espera um livro com mil páginas de puro terror, tensão e medo, sente aí e se acalme que a coisa não é bem assim. It tem um pouco de tudo. É um livro muito engraçado. Sim, engraçado. Tem uma musicalidade incrível, quase incessante. Duvida? Dê só uma olhadinha na playlist das músicas que foram citadas ao longo dele (embora faltem algumas, não dei conta). Stephen King é fantástico em criar diversas atmosferas ao longo de uma única história, e nos prender em todas elas. De antemão eu digo que se houvesse umas 300 páginas a menos, talvez não fizesse diferença no resultado dessa grande obra. Estamos falando de um autor extremamente detalhista, e que por vezes vai longe em determinados detalhes, até retornar ao ponto principal. Isso é ruim? Não! Torna o livro cansativo? Nem um pouco, pelo menos nesse caso. E sabem por quê, meus caros amigos? Stephen King é fenomenal em sua escrita. E esse livro é capaz de nos transportar e nos fazer viver as sensações dos personagens. E mais uma vez, não é um livro de puro terror. Aliás, é muito mais um livro que conta como sete crianças se encontraram para combater uma força do mal. Em meio a essa convivência de pré-adolescentes é que nos divertimos e resgatamos a nossa criança interior. Aquela que já fez tantas besteiras quanto eles, tantas brincadeiras sem noção quanto eles, e que em algum momento de nossa vida adulta, nós a deixamos esquecidas em algum cantinho dentro de nós, esperando essa leitura para trazê-la de volta, com toda saudade possível.


Cada criança tem uma característica própria, que é muito bem trabalhada para montar a personalidade dessa criança, e com isso, vamos nos apegando mais e mais a eles. Mas embora as crianças sejam o ponto alto desse livro, no período presente da história que se passa, não existem mais crianças. É importante frisar que essas adoráveis crianças vivem em 1957/58, e o presente do livro dá-se em 1985. Eles já cresceram, se passaram 27 anos e todas as passagens a respeito deles tratam-se de suas lembranças que, após deixarem o Maine, pouco a pouco foram apagadas de suas memórias. Mas o desafio ainda é o mesmo e eles precisam lembrar mais do que um do outro, mas do que havia entre eles que os tornava tão unidos e capazes de vencer.  Em It, vamos ingressar, nas memórias de Bill Denbrough (Big Bill), Richard Tozier (Richie), Santanley Uris (Stan), Bem Hanscom, Eddie Kaspbrak, Beverly Marsh (Bev) e Mike Hanlon (MIkey), em meados dos anos de 1957 para 1958, em Derry, uma cidadezinha no Maine.

O terror, que só terminaria 28 anos depois (se terminasse), começou, até onde sei ou consigo saber, com um barco feito de uma folha de jornal flutuando por uma sarjeta cheia da água da chuva. 


Derry é aparentemente pacata, típica cidade de interior. Mas existe algo inexplicável pairando pelo lugar, uma força que domina e que determina o destino dos habitantes em temporadas que acontecem a cada 25 a 27 anos.  Essa força dominante é a Coisa. As mortes e desaparecimentos, sobretudo de crianças, acontecem com uma frequência muito maior do que em demais localidades do país, no entanto, apesar dos dados serem extraordinários, eles parecem não serem notados pela imprensa ou mesmo pelas autoridades, que agem como se fosse apenas um caso banal. É como se todos ficassem cegos para determinados acontecimentos. 


Na nossa história, tudo começa com a morte de Georgie, irmãozinho de Bill Denbrough, um garotinho fofo de 6 anos de idade que cai na armadilha do Pennywise após perder seu barquinho de papel em um bueiro. A partir daí os caminhos dessas sete crianças começam a se cruzar, formando entre elas uma amizade transcendente. A princípio, a principal razão deles se unirem são os valentões da escola/cidade: Henry Bowers, Arroto Huggins e Victor Criss (eventualmente outros garotos também se juntam ao grupo, como Patrick Hockstetter). Mas logo entendemos que o que a real razão dessa união é algo muito maior que o bullying desses meninos, ou a solidariedade de um com o outro por serem perseguidos pelos valentões. Se há uma força maligna, capaz de manipular a cidade, não seria comum haver uma força superior para trabalhar na restauração da ordem? Claro, isso fica bem explícito nas entrelinhas, mas não é uma questão posta como principal. "A luta das forças ocultas", não. Não veremos isso, veremos crianças que juntas são capazes de vencer, que juntas vão fazer com que a Coisa conheça o medo. E eles saberão que todos os feitos só trazem os resultados positivos porque estão unidos, e terão consciência de que essa união não é um mero acaso. E para por aí. O foco fica nas aventuras e na forma como eles vão trabalhar para deter a Coisa, tanto no passado, quanto no presente. 

Eles contaram, um a um: o palhaço no gelo, o leproso debaixo da varanda, o sangue e as vozes vindas do ralo, os garotos mortos na Torre de água. Richie contou o que aconteceu quando ele e Bill voltaram à rua Neibolt, e Bill falou por último para contar sobre a foto da escola que se mexeu e a foto em que ele enfiou a mão. Ele terminou explicando que essa coisa tinha matado seu irmão Georgie, e que o Clube dos Otários se dedicava a matar o monstro... o que quer que o monstro fosse realmente. 

A Coisa não é um palhaço, não é um monstro, não é um animal, ou qualquer ser que você possa imaginar. A Coisa é uma energia, ou uma entidade, por assim dizer, que vive sob a cidade, fazendo dos esgotos sua morada. Ela se alimenta de seres humanos, e necessita sentir o sabor que só o medo pode ser capaz de causar. Pennywise, o palhaço, é como um símbolo, pois atrair crianças sacia mais facilmente essa fome: são presas fáceis, e sentem um medo muito mais verdadeiro, pois a mente repleta de mitos e fantasias acaba sendo grande aliada da Coisa.



Porém ele pode tornar qualquer forma e criar qualquer ilusão que seja necessária. E isso acontece desde para atrair crianças, como um palhaço legal, como para apavorá-las, como um leproso repugnante, um pássaro gigante apavorador, uma múmia apodrecida, um lobisomem, tudo vai depender do que aquela criança traz em seu interior, no entanto, em todas as suas formas, teremos características que encontramos no palhaço. É como uma forma dele se identificar, de mostrar aos atentos que ele está dominando.


A ideia de Stan era de que mais ninguém poderia ter visto aquele pássaro antes de Mike contar a história para eles. Outra coisa, talvez, mas não aquele pássaro, porque o pássaro era monstro pessoal de Mike Hanlon. Mas agora... porque agora o pássaro era propriedade do Clube dos Otários todo, não era? Qualquer um deles poderia ver. Poderia não ter exatamente a mesma aparência; (...) mas a Coisa poderia ser um pássaro para todos eles agora.


E por falar em dominar, é exatamente essa a forma que faz com que ele consiga suas vítimas. A força que a Coisa exerce sobre suas vítimas, a tornam incapazes de fugirem. É como se eles ficassem presos em seus próprios corpos que não obedecem ao instinto de sobrevivência. E o que seria isso? Bom, vamos ao exemplo básico. George no bueiro. Oras, quem, em sã consciência, depara com um palhaço dentro do bueiro e fica para bater um papo cabeça com a criatura? Georgie sentiu medo, desconfiança, confusão e ao mesmo tempo, encantamento e confiança. Ele poderia e até quis sair dali, mas a Coisa o persuadiu e o menino parecia hipnotizado, digamos assim, onde nenhum medo pudesse tira-lo dali. É assim que acontece, e é por isso que as vítimas vão de encontro à morte. E esse é exatamente o diferencial dos nossos sete amiguinhos, porque embora haja essa persuasão, eles sempre conseguem ser mais fortes. E isso é uma experiência totalmente inédita para a Coisa.



Ao derrotarem a Coisa, ainda crianças, eles fazem um pacto de sangue: se a Coisa retornasse, não importa quando fosse, eles se reuniriam para acabar com ela de vez. E por isso que 27 anos depois eles se reuniram em Derry mais uma vez. Suas vidas adultas, algumas um completo fracasso outras de bastante sucesso (emocional, profissional ou financeiramente), seguiam o fluxo apenas. Sem recordações do que havia acontecido na infância. Todos haviam se mudado de Derry após o verão de 1958. Menos Mike. E é através dele que seremos apresentados às maiores curiosidades da história da Coisa, pois é quem faz todas as pesquisas, ao longo dos anos, a fim de descobrir a fundo com o que estão lidando. Cruzando informações do presente com informações do passado, Mike tem um material completo para apresentar aos amigos.

Eles contaram, um a um: o palhaço no gelo, o leproso debaixo da varanda, o sangue e as vozes vindas do ralo, os garotos mortos na Torre de água. Richie contou o que aconteceu quando ele e Bill voltaram à rua Neibolt, e Bill falou por último para contar sobre a foto da escola que se mexeu e a foto em que ele enfiou a mão. Ele terminou explicando que essa coisa tinha matado seu irmão Georgie, e que o Clube dos Otários se dedicava a matar o monstro... o que quer que o monstro fosse realmente.

Os seis amigos de fora de Derry, apesar de não lembrarem de nada da infância referente aquele verão, em especial, saberão imediatamente, após Mike telefonar a cada um deles, que precisam voltar à Derry e cumprir a promessa feita com o pacto. É uma necessidade maior do que a razão, e eles se reúnem para enfrentarem mais uma vez a Coisa. O que acontece é que eles não são mais crianças, e isso pode ser um ponto alto para que a Coisa consiga destruí-los de vez. A batalha dessa vez é bem mais intensa, é como se a Coisa tivesse voltado mais forte, e com muito mais ódio, ela quer vingança. E eles não parecem tão estabilizados assim, adultos criam barreiras emocionais e racionais que podem colocar tudo a perder em uma situação em que é fundamental que a mente ainda tenha alguma fantasia, para que se possa acreditar em pequenas coisas que tornam-se cruciais à sobrevivência.

Mas é de fé que os monstros vivem, não é?Sou levado irresistivelmente a essa conclusão: a comida pode ser vida, mas a fonte de poder é a fé, não a comida. E quem é mais capaz de um ato de fé do que uma criança?
Mas há um problema: crianças crescem. (...) Seria possível que a Coisa se proteja pelo simples fato de que, quando as crianças crescem e viram adultos, se tornem ou incapazes de atos de fé, ou aleijados por uma espécie de artrite espiritual e da imaginação?


Em It, vamos nos identificar com alguns personagens, vamos rir e chorar com eles, vamos virar fã de alguns, e torcer por eles, não se importar com outros e até mesmo dizer que se morrer não faz falta. Mas no fim de tudo, se algo acontece com qualquer um deles, nosso coração vai na mão e a gente chega a se sentir a pior pessoa do mundo por desejar algum mal a ele. E isso torna a leitura incrível. O dom que eles tem de nos cativar. Até mesmo os valentões recebem uma pequena parcela de compaixão por parte do leitor. As sete crianças, a propósito, formam o Clube dos Otários, e é desse jeito que eles se referem a si próprios no decorrer do livro: otários. Não soa como algo depreciativo, ou mesmo fraco por parte deles. Pelo contrário. Eles pegam algo que usam contra eles, e usam em seu favor, como se fosse uma coisa bem bacana ser otário.



E por falar nisso, It é um livro que aborda questões bem interessantes como bullying, racismo, homofobia, violência doméstica, abuso infantil... E tudo num ponto de vista entre os anos 50 e 80, mas também ressaltando casos de tempos mais antigos. E certas passagens acerca desses assuntos são simplesmente perturbadoras. Muito mais perturbadoras, ouso dizer, do que o próprio Pennywise. Tendo em vista de que tudo se passa em tempos repletos de preconceitos, é de se esperar que a gente algumas vezes não entenda a passividade com que certas coisas são aceitas pelas vítimas. O fato é que não existia defesa para essas minorias. E esse é um fator que eu amei demais na história, essas questões repletas de polêmicas e até tabus que existem até hoje, sendo escrachadas do jeito mais cruel possível, nos fazem impactar e nos revoltar com a mentalidade humana ainda mais do que normalmente.

Mais tarde naquele mesmo ano, Henry, que tinha 10 anos de idade, começou a dar ossos velhos e sacos de batata frita para o cachorro de Mike, Mr. Chips, comer.  (...) Quando o cachorro estava bem acostumado com Henry e com as guloseimas que ele dava, Henry um dia deu a ele meio quilo de carne batizada com inseticida. (...) Mr. Chips comeu metade da carne envenenada e parou.
— Vai, termina seu lanche, Cão de Crioulo — disse Henry.


Por fim, It é um livro que vale a pena por diversos fatores, e uma resenha não é capaz de enumera-los. É cheio de surpresas, de situações, de emoções. Um livro complexo e completo, uma história feita com um cuidado fantástico, onde tudo vai se encaixando e fazendo sentido e você, por mais que tenha medo de tantas páginas, entra naquele embalo e tudo que quer, é chegar ao fim, é saber o que aconteceu com nossos amigos, agora já adultos.  O desfecho é surpreendente e não menos emocionante do que todo o decorrer do livro. Eu gostaria que alguns detalhes fossem um pouco mais explorados acerca dos últimos capítulos, mas por fim, não deixou de ser satisfatório, mesmo com as 50 páginas a menos para que eu acredito terem faltado!




Filme vs. Livro


Talvez alguns comentários possam ser considerados spoilers do filme aqui, mas se quiser prosseguir, creio que não lerá nada que possa estragar a emoção da telona.

Eu nunca fiquei tão ansiosa por um filme antes. Sério! Eu confesso a vocês que eu não suporto ir ao cinema em estreias, porque além de muita algazarra, 90% das pessoas que estão lá, não têm noção do que estão assistindo.



"Pô, o filme é foda, tem um palhaço assassino, vou lá ver."

Não sabem sequer quem é Stephen King, e isso facilita aqueles comentários que fazem você se retorcer todinho na sua cadeira, não acreditando que as pessoas são capazes de falar tanta besteira. 😂

"Ah, já entendi! Se a criança não ficar com medo, ela flutua!"

"Nossa, que crianças burras, por que elas vão até lá?"

"Olha lá, o palhaço também é do programa de TV!"

"Ihhh! O garotinho não morreu!"

AHHHHHHHHHHHHHHHHH!  😱😱😱
Por Deus! 😂 Eu voltarei ao cinema para ver esse filme numa sala mais vazia, sem comentaristas. Porque é assim que as salas ficam depois de um mês da estreia.




Mas ok, brincadeiras à parte e apesar dos pesares, o filme foi sensacional. Uma adaptação muito bem construída, e apesar de muitos detalhes do livro terem se perdido (afinal, né... ó o tamanho desse livro!), a essência da história permaneceu, que é a coisa da união deles, as descobertas acerca do Pennywise e tudo mais. As cenas que foram reconstruídas do livro para a tela  ficaram fantásticas, e a gente consegue ver o que lemos. Claro, algumas acrescentam ou economizam certos detalhes, mas não prejudica o contexto do que foi lido, nesse caso. Pennywise foi reconstruído de um jeito extremamente cativante. Por mais que ele seja um FDP, eu não queria que nada de ruim acontecesse com ele. Ele chega a despertar dó (pelo menos em mim). Uma coisa que eu gostei bastante no personagem, foi a escolha do ator. E não porque ele é essa coisinha linda de se ver, mas porque não é um desses atores super conhecidos e aclamados, mas deu um show de talento na interpretação! 

O ator sueco Bill Skarsgård  como Pennywise 




Richie foi o meu preferido. O menino, exceto pelas vozes que ele não faz no filme (imitando personagens), mas fazia no livro, está muito fiel: debochado, cheio de piadinhas, boca suja. Ele é o responsável pelas tiradas mais cômicas do filme. Sério, o filme começa valendo a pena por ele.




Bev ficou simplesmente linda, a atriz representou muito bem. No entanto, no livro eu achei ela um pouco mais infantil, e  gosto  mais assim. No livro ela já arrancava suspiros de certos meninos, porém, tinha um jeitinho mais moleca que, na minha opinião, fazia ela se igualar mais à idade (e mentalidade) dos meninos.




Quanto ao Ben, notei uma diferença gritante na estima do personagem, quando ele simplesmente se atira no rio com os amigos apenas de cueca, sem parecer ter nenhum problema quanto a isso. No livro, por ser gordinho, ele tem tremenda vergonha do corpo, usa moletom mesmo no verão, para disfarçar as gordurinhas, principalmente os peitos, por baixo do tecido e quase morre de vergonha quando Bev por acaso vê sua barriga.




Eddie, por sua vez, se torna um garotinho com a hipocondria ainda mais acentuada. Ele fica o tempo inteiro falando sobre infecções e doenças, dados estatísticos de contaminações e afins, coisas que no livro não acontece. Mas foi uma adaptação super divertida e um jeito fácil de captarmos o modo como ele é criado por sua mãe, que faz com que ele se torne, psicologicamente, alguém  propício às piores doenças.




Bill foi dos mais fiéis, embora mesmo no livro ele não seja mais do que um garoto comum. Seu diferencial sempre foi ser decidido e destemido e por isso ele, tanto no livro quanto no filme, era "líder" do Clube dos Otários.  A única coisa que notei de diferente e não curti na adaptação, foi o fato de que no livro os pais de Bill se tornam totalmente relapsos após a morte do caçula, e Bill sente a falta de atenção deles, embora todas as vezes que tenha havido algum diálogo entre filho e pai ou filho e mãe, mesmo sendo algo superficial, teve lá sua dose de carinho. Já no filme foi retratado um pai impaciente e estressado. Talvez seja a forma encontrada para resumidamente demonstrar a falta de capacidade em lidar com a perda. Adorei o fato dele usar o trava línguas que ele usa no livro também, uma forma de exercício para a gagueira, mas que provavelmente terá sua importância no próximo filme.




Stan passou lá por suas alterações. Mesmo no livro, pelo menos em minha opinião, ele foi a criança que menos se destacou, embora o seu encontro com a Coisa tenha sido um dos mais sinistros. No filme ele poderia ter sido mais explorado, nem mesmo a cena em que as crianças fazem o pacto, ele teve a honra de fazer o corte nas mãos, como no livro.  No entanto, a adaptação dele quanto a Coisa foi a mais medonha na minha opinião, apesar de ter sido completamente diferente da do livro, acho que fez jus ao terror vivido pelo menino na história original.




Porém, em um primeiro momento foi a adaptação do Mike que eu menos gostei. Enquanto no livro ele tem a melhor família da história, no filme ele é órfão. Enquanto no livro é ele que faz toda pesquisa acerca da Coisa no decorrer dos anos, no filme essa pesquisa é basicamente feita por Ben. Mas depois fiquei ainda pensando no filme, e acabei entendendo essas adaptações tão diferentes. Foi preciso  um pouco de drama na história dele para que fosse mais fácil colocar na tela os medos que o menino precisava vencer.  Quanto à pesquisa,  talvez tenha sido aproveitado o fato de  que  Ben era uma criança inteligente e que amava a biblioteca, pois a história precisava ser entendida, de certa forma, nesse primeiro filme. E como haverá a segunda parte, pode ser possível que mais detalhes sejam apanhados por Mike ao longo dos anos.




Não tem como saber o que esperar na verdade, mas fiquei bem feliz com o resultado do filme, e principalmente por saber que terá continuação, que teremos toda a história contada, uma vez que nessa premissa ficamos apenas com a infância dos personagens.

Infelizmente o filme se passa no ano de 1989, eu gostaria muito de ter visto o filme acontecer na época do livro, em 1958. Provavelmente o segundo passará entre 2015 e 2016. Eu ainda ficaria feliz com o ambiente dos anos 50 e 80.😕 Mas tudo bem, trata-se de uma adaptação, e a qualidade do que foi feito, supera isso.

Uma coisa que foi bem legal, e que só depois do filme, analisando as coisas e tudo mais, que eu pude me convencer de que realmente gostei muito, foi a adaptação da casa da rua Neibolt. Para início de conversa, o cenário ficou sensacional!  Houve uma junção de todo terror vivido dentro da casa pelos meninos no livro, com o fato de que no filme era lá a "porta de entrada" para a "casa" da Coisa. O cenário, que é um dos mais tensos do livro, foi brilhantemente aproveitado quando decidiram que lá também seria o local por onde eles achariam Pennywise. No livro, apesar deles saberem que a Coisa usava a casa para sair de seu habitat, eles chegaram até o tal local através dos buracos de esgoto do Barrens, rio que corta a cidade.



Se o filme é assustador? Acho que isso depende de cada pessoa. Eu não esperava me divertir tanto no filme. Eu achei que filtrariam toda a parte assustadora e usariam ela com toda intensidade. E foi isso que fizeram, embora não tenham deixado a pegada da comédia de lado. E isso tornou o filme delicioso, como o livro é. Porém, não chegou a ser necessariamente tão assustador para mim. O que não é ruim, eu achei as cenas maravilhosas, muito bem trabalhadas e até mais pesadas do que no livro em certas horas, porém, não é o tipo de filme que faz alguém se borrar de medo, principalmente quem já conhece a história, como era o meu caso.




Eu notei, tanto pelos comentaristas da sala do cinema, quanto pelos comentaristas do youtube, que o filme é muito mais bem aproveitado por quem conhece o livro, isso porque alguns detalhes (como o fato das crianças serem persuadidas, hipnotizadas, encantadas pela Coisa) não serem muito bem elucidados. Então as pessoas acabam por julgar algumas coisas como sem nexo. Porém, como o livro é imenso e o filme já está no cinema, quem não leu ainda, talvez não consiga ler a tempo. Bom, acho que com a minha resenha do livro, é possível entender essas coisinhas.




Considerações finais


O livro é enorme? Sim. Mas quando acaba, você não quer se despedir. Sabe, é aquele livro que você fica louco querendo saber o fim, mas não quer que acabe. É fantástico. Uma leitura que vale muito a pena.  Para mim, o único ponto bem baixo no livro, algo que não achei nem um pouco necessário acontecer (e graças a Deus não foi colocado no filme), foi uma cena entre as crianças, um pouco pesadinha demais para a idade deles. Mas não quero dar spoilers, então usem a imaginação, ou leiam o livro e depois vamos debater a situação!

Como eu disse no início e no decorrer da resenha, o livro tem muitos detalhes. Eu fiz a leitura entre 01/07 e 01/08, então  foi inevitável não passar pela TPM com esse livro na mão, e foi justamente nesse período que eu me irritei com os detalhes, a ponto de parar a leitura, olhar para o livro e dizer: "Ah não! Cê tá me zoando, King? Qual a necessidade disso, cara! Vamos! Vamos ao que interessa, para desse mimimi, pqp!". Mas foi aquela fase em que eu estava pior que o Pennywise, então desconsideremos. 😂  O fato é que sim, eu achei que alguns detalhes foram até desnecessários, eram meros detalhes que não fariam diferença se não estivessem lá. E ao mesmo tempo, gostaria de mais desses detalhes nos últimos capítulos. A desfecho, como já disse, foi muito bom, mas eu levantaria o dedo para algumas perguntas ainda. Bom, cabe dizer que não seriam perguntas sobre o que aconteceu, mas sobre o que aconteceria agora quanto alguns personagens. 🙋Mas é aquilo, como não foi dito, eu monto aqui na minha imaginação do jeito que eu mais gostar, e vai ficar ainda mais perfeito! 😎

E como prometido, aqui está a playlist do livro. Não é 100% das músicas citadas ou cantaroladas, mas acredito que seja 85 a 90% delas. E claro, não esperem um "Backstreet Boys" ou qualquer coisa moderninha. O que tem de mais novo aí, é dos anos 80!






Visão do Livro
O livro fisicamente... Acho que o terror do livro real do livro está no tamanho dele. São 1103 páginas que intimidam muita gente. Ele pesa aproximadamente 1.600kg, e é versão brochura, por sinal, tão bem feitinho, que durante a leitura ele permaneceu bem inteirinho, exceto por uma pequena quebradinha na lombada, devido ao peso dele aberto, o que é absolutamente natural e aceitável. Eu adoro essa capa, embora fora a ilustração dela, ela não tem nada demais (relevo, ou qualquer coisa do tipo). Esse é um dos livro que mais amo na minha estante (em todos os aspectos).




Quanto a escrita... Seria absolutamente dispensável algum comentário, se tratando de Stephen King. É certo que ao longo da resenha eu fiz algumas críticas sobre o excesso de detalhes, e também por sentir falta de algumas coisinhas para deixar o final ainda mais perfeito pra mim. Mas a obra em si é fantástica, não tem palavras para expor o quanto eu gostei dessa leitura. Eu sou aquela pessoa que não suporta palhaços. Mas o meu problema com palhaço não é medo, é meio que aversão mesmo. Sempre achei que palhaço é a representação do demo mesmo. E por que me apaixonei pelo Pennywise? Embora a Coisa não seja exatamente um palhaço, mas quando ela se faz de um, é aquele palhaço que eu idealizo: ruim, cínico, debochado, infernal. Então eu não vi um ser bonzinho fazendo palhaçadas estúpidas, eu vi um ser dissimulado cheio de fome. E isso foi foda! A tradução, está muito boa, mas senti falta de algumas vírgulas em alguns instantes. Claro, não compromete o contexto, mas já que tocamos no assunto...







E foi isso, pessoal! É muito difícil falar de um livro desse tamanho, com uma história tão rica em todos os aspectos. Eu fiz alguns rascunhos, comecei umas duas vezes no mês passado e mais uma esse mês e não saia nada satisfatório. A verdade é que eu sempre acho que está bom suficiente, mas talvez dessa vez tenha ficado melhor. É bem difícil colocar tanta coisa "no papel" sem terminar com um testamento. Digo, no meu caso, né?🙈

Se você ainda não leu It, a Coisa, mas pretende, vou deixar aqui o link da Saraiva e da Amazon, lembrando que comprando em qualquer um dos dois links, vocês estão comprando com o Luar, sem pagar um centavinho sequer a mais! 😀


Vou ficando por aqui e deixando aquele agradecimento enorme pra você que está lendo.  Um super beijo para todos e até a próxima!😉











       




8 comentários:

  1. Obrigada pela resenha, adorei!
    Eu sempre discuto no facebook quando a galerinha falam que os filmes não são fiéis. Mano é adaptação, é muito difícil ser fiel, eles pegam a parte que acham que farão sucesso e altera de acordo com os autores etc. Fico feliz em saber que a adaptação foi boa e conseguiu ser fiel, mesmo com as alterações. Tô doieda pra ler o livro, mas os valores ZzZz e o filme não verei nem tão cedo. haha No mais, Stephen King é foda!!!

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    1. Oi, amigaaa!
      Pois é, dificilmente um filme é 100% fiel, mas tem horas que abusam adaptando fatos que não tem necessidade, né? É isso que me frustra nas adaptações. Não nego que acontece em It, mas como a essência da história é muito bem preservada, acabou sendo um filme fantástico.
      Quanto ao livro, sim, é caro, mas vale cada centavo. Isso eu te garanto! hahaha

      Beijinhos! <3

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  2. Uau! Que resenha!
    Eu confesso que morro de medo de palhaço e nunca tive vontade de ler esse livro, mas depois de ler tudo isso, estou baixando uma amostra pra pelo menos dar uma chance!haha
    Estava com saudade de te visitar!
    Um beijo 😊

    Resenhando por Marina

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    1. Mariiii! E eu estava com saudade de estar aqui de volta. E também de visitar os outros blogs!
      Olha, o livro é muito bacana. eu não sei se com a amostra você vai conseguir ter uma noção, porque a primeira parte é um pouco tensa, mas quando chega mais as crianças, fica muito gostoso.
      De qualquer jeito, fico feliz de que tenha gostado da resenha!
      Beijinhos, linda!

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  3. Eu sai do cinema muito interessada em embarcar nos universos criados pelo Stephen King! Claro que a obra adaptada é um compilado da biblia de mais de mil páginas do autor, mas eu achei os personagens tão interessantes e carismáticos que não posso negar a minha vontade de encarar o calhamaço mesmo assim! Não tinha ideia da musicalidade do livro, eu nunca li nenhuma obra do autor, então não sei muito bem o que esperar! Só tenho certeza de uma coisa, o cara é bom pra ambientar as histórias que cria, né? Percebi isso no filme, no livro deve ser muito mais intenso!
    Beijos!
    Colorindo Nuvens

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    1. Oi, Dai!
      Essa também foi minha primeira obra do Stephen King, e eu digo que vale muito a pena.O terror cai quase como uma casualidade na história onde ele mistura vários elementos de modo a fazer todos funcionarem muito bem, É uma delícia. E os personagens, creio, são a chave para isso, porque são todos tão carismáticos, que você se envolve completamente. Eu recomendo muito, e quero ler mais coisas dele!

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  4. Eu sou super fã do King, e ele é um dos meus favoritos nesse gênero!
    Já vários do autor, porém esse ainda estou enrolando pra comprar em alguma super promoção haha
    Mas é tão bom que por mais que tenha mais de mil páginas e mesmo assim consegue nos manter focada na trama.
    Os personagens são muuuito bem desenvolvidos, uma das minhas características favoritas do autor!
    Adorei a resenha,

    beijos
    She is a Bookaholic

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  5. It: A Coisa, produção que em minha modesta opinião, figura no mesmo patamar de clássicos baseados na obra de King, como Conta Comigo, Louca Obsessão, Um Sonho de Liberdade, entre outros. Um filme de horror que assusta e cativa o espectador, em iguais proporções. O gênero de terror nunca foi um dos meus preferidos, porém devo reconhecer que It o filme, foi uma surpresa pra mim, já que apesar dos seus dilemas é uma historia de horror que segue a nova escola, utilizando elementos clássicos. Com protagonistas sólidos e um roteiro diferente. Depois de vê-la você ficara com algo de medo, poderão sentir que alguém os segue ou que algo vai aparecer.

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