6 de maio de 2017

Resenha - O Espadachim de Carvão

Bem-vindos a mais uma resenha do Luar!

Hoje eu trouxe um livro diferente dos quais estava acostumada até então. Resolvi sair da casinha, e escolhi Espadachim de Carvão. E gente, eu devo confessar que tenho estado cada dia mais feliz com nossos escritores, viu? Porque sim, Espadachim de Carvão também é uma literatura brasileira, de autoria de Affonso Solano. Vem comigo, vamos conferir!























O Espadachim de Carvão é um livro totalmente fora da minha zona de conforto. Não que eu não goste de fantasia, mas li poucas coisas até então, sem maiores compromissos. Quando comecei a leitura, minha primeira impressão é de que eu não iria conseguir engatar.  A história começa em uma batalha, que diga-se de passagem, é fodástica, mas ao mesmo tempo, nos faz cair de paraquedas no meio de guandirianos, círculos Tibaul, luz de Sinanna... Descrições tão elaboradas que até me perdi. Não que fossem ruins, de modo algum. Eu que sou lerda mesmo.  Depois do primeiro momento de tantas coisas novas, logo comecei a me ambientar. As coisas vão ficando bem mais fáceis de entender depois que a gente passa do primeiro capítulo. As explicações de tudo que se passa chegam em capítulos que se alternam entre o presente e o passado, te dando todas as informações para que você conheça perfeitamente Adapak e sua história.



 — E então um dia os Dingirïs desceramdos céus, e seus nomes eram Anu' När, o Artesão; Enlil' När, o Viajante; Enki' När, a Voz e Nintu' När, a Lança.
— Que nomes legais!
— Oh sim, mas os Dingirïs são conhecidos por muitos outros nomes também, ainda que o mais usado seja Os Quatro Que São Um.
— Por que?
—Porque Eles pensavam como um e agiam como um, apesar de serem diferentes.



Adapak é o nosso protagonista, o Espadachim de Carvão. Ele é filho de um dos Dingirïs (Deuses) de Kurgala, Enki' När,  mas esse não é um fato conhecido pelo povo de Kurgala.  Nosso jovem Espadachim começa a história sendo caçado. E além de lutar pela própria vida, ele precisa encontrar respostas, como "por quem e por que" é caçado. Sua trajetória vai sendo esclarecida ao longo dos capítulos que contam seu passado, vindo desde a sua infância até a atualidade, vai ser nessa narração que você vai descobrir muitas peças para esse quebra-cabeças. A narração sobre seu presente, no entanto, é repleta de adrenalina. Adapak é um exímio espadachim, conhecedor da técnica dos Círculos Tibaul, que o torna praticamente invencível diante de qualquer outro lutador, por mais experiente que seja. Apesar disso, ele é extremamente ingênuo. Criado no Lago Sem Ilha, Casa de Enki' När, o menino cresceu recebendo todos os ensinamentos sobre Kurgala. Conhece a língua de quase todas as espécies, conhece os continentes, a história e a geografia do seu mundo. Mas nunca teve contato com esse mundo, até o momento que nossa história se inicia.



Imagem retirada do site oficial do livro. Cliquei aqui para visita-lo.




Embora dotado dessa ingenuidade, que muitas vezes nos dará passagens engraçadas, Adapak também é muito sagaz, e por isso é capaz de passar por inúmeras situações tensas, e mesmo assim conseguir sobreviver.  Ele precisa fugir. Mas novo no mundo fora do Lago Sem Ilha, ele não conhece quase nada, apenas o que as enciclopédias lhe mostraram ao longo dos seus 19 ciclos (anos). E isso não é suficiente quando você é o único de sua espécie num mundo que conheceu a maldade.



— Eu gosto dele nervoso — a ïnannariana de cabelo trançado falou, mordendo o lábio inferior. — Ele é tão diferente, que acho que podemos até fazer um desconto, não acham, meninas?

Pela Matriarca.

— Descon... Esperem, vocês... — ele se interrompeu, se abaixando até elas e continuando a pergunta falando bem baixo. — Vocês fazem sexo por dinheiro?



O certo é que nosso Espadachim não é um ser facilmente aceito na sociedade repleta de espécies. Embora ele seja muito mais comum (aos nossos olhos humanos) do que muitos maskürrianos, ïnannarianos, sadummunianos e afins, ele não corresponde a nenhuma espécie de Kurgala. Ele é único e jamais conhecido. Com a pele extremamente negra, Adapak não tem unhas, não tem nariz ou orelhas, e seus olhos são inteiramente brancos. Ele muitas vezes causa medo nos demais seres, ou repulsa quando o julgam ser um kishpü (feiticeiro). E como as aparências enganam, por trás dessa "aberração" temos uma criatura totalmente cativante.






Adapak decide procurar velhos amigos, que ajudaram seu pai a educa-lo. Mas será que essa seria a melhor escolha? Com quem, afinal, no meio de sua própria caçada, Adapak ainda vai poder contar? Nessa trajetória vamos conhecer vários personagens diferentes uns dos outros em todos os aspectos. Muitos, verdadeiros amigos, outros apenas interesseiros, mas todos, sem dúvidas, contribuirão para que nossa história seja repleta de emoções. Sendo ajudando ou tentando mata-lo, todos acabarão cedendo ao nosso Espadachim uma peça do quebra-cabeças. E pouco a pouco vamos descobrindo o grande segredo que envolve Os Quatro Que São Um, e a caçada do Espadachim de Carvão.

A leitura é muito gostosa, nos deixa curiosos, ansiosos, apreensivos, querendo respostas, torcendo por situações. Existem muitos diálogos, muitos e muitos. E eles fazem a história fluir, nos dando uma noção mais exata dos acontecimentos do passado e do presente.  Entre a dança dos capítulos que se alternam no tempo, só achei que faltou um pouco mais de ênfase na situação que causou tanto sofrimento a Adapak, em relação a T'arish, uma ïnannariana. Durante toda a história ele carrega uma carta dela, e eu quase pensei que não conheceria o conteúdo, mas mesmo depois de revelado, eu senti que pelo tanto de curiosidade que desperta, poderia ter tido um capítulo inteiro falando minuciosamente a respeito das razões do sofrimento e da carta. Porém, admito, isso acaba sendo o menos importante na história, até porque ao fim de sua jornada, muitas coisas passam a ter um sentido diferente na vida de Adapak, e algumas pessoas do seu passado pode ser que precisem ficar apenas nas boas lembranças.

O universo criado para Espadachim de Carvão é riquíssimo e não decepciona. É uma leitura que vale muito a pena. Foi aquele livro que quando chegou no final, me deu uma sensação bem gostosa, me senti feliz! Super recomendo, se acha que não faz o seu gênero, experimenta, pelo menos!





Considerações Finais


Temos a continuação de Espadachim de Carvão no segundo volume que se chama "Espadachim de Carvão e as Pontes de Puzur", temos também um número de HQ de "Tamtul e Magano e a Ameaça Rumbaba", que acredito ser algo paralelo, uma vez que Tamtul e Magano são personagens dos livros preferidos de Adapak.  

Eu teria muito gosto se fosse lançado um livro sobre as criaturas de Kurgala. São inúmeras, as que eu listei acho que passaram de 15, e seria bem interessante termos um livro que ilustrasse cada uma, para que facilitasse nossa imaginação no decorrer das histórias, porque são tantos tentáculos, pernas, braços nas costas, olhos espelhados pela cabeça, que chega uma hora que a gente mistura tudo, e já não sabe quem caracteriza como!

Minhas edições vieram num box lindo, que mostrei no Book Haul de março e abril, e quando eu ler o segundo livro, certamente voltarei aqui para contar. Esse livro foi muito melhor do que eu imaginava, me deixou feliz por ter lido, por ter escolhido ele para sair da casinha. Francamente, eu já virei fã de carteirinha de Adapak  (e do Affonso Solano) e vou querer o terceiro livro também (além da HQ que mencionei acima), que já vi por aí que há um gancho para ele. 

Quando comprei o box, existiu três razões: a primeira, procurava algo diferente e gostei da sinopse. Geralmente, quando estou prestes a comprar algum livro diferente do que estou acostumada, eu recorro às resenhas, para saber se realmente vai me agradar. Não foi o caso de Espadachim de Carvão. Comprei baseada apenas na sinopse, por mais que as sinopses não me passem total confiança. Afinal, nunca li nenhuma que dissesse: "nessa aventura, você vai se entediar, perder o interesse a abandonar esse livro, em busca de uma história muito melhor!".

A segunda razão é porque achei os livros realmente lindos. Sim, me chamaram muita atenção, eu fiquei totalmente apaixonada pela arte da capa, as cores... Eu amei à primeira vista, fazer o que?

A terceira razão, e talvez a definitiva, a editora "Leya". Quando vi que Espadachim de Carvão tem o selo da editora Leya, não pensei duas vezes. Ainda não vi nada ruim com esse selo!

Cientes de que eu não tinha nenhuma referência sobre a história, e sequer já tinha ouvido falar, é de se deduzir que eu também não conhecia o autor, né? Pois então, não fazia ideia, sequer, do nome do autor, até receber o box na minha casa e poder descobrir que Affonso Solano é um autor brasileiro. Gente, confesso que me deu um medinho nessa hora. Mas os livros eram ainda mais lindos pessoalmente. E a caixinha? Meu Deus, é tudo seduzente, e cada vez que eu pegava, eu tinha vontade de sentar e ler! Então coloquei ele logo na fila, antes que eu tivesse um troço de ansiedade.


Affonso Solano e o primeiro volume de "O Espadachim de Carvão"


Além do box, os livros também são vendidos separadamente, vi algumas edições com o selo da Casa da Palavra e Fantasy, ambos selos da Leya.





Visão do Livro





O livro fisicamente... Bom, os meus são edições econômicas, um pouco menores do que a edição normal, e sem as orelhas que tanto, tanto, tanto amo! Mas esse fato não me incomodou muito nesse caso. Se Adapak não tem orelhas, pra que o livro precisa ter?  "Tamo junto", Adapak! 😝  Mas sério, no momento da compra, não havia informação a respeito de ser edição econômica. Isso vive me acontecendo, e acho que as lojas poderiam ter um pouco mais de cuidado com as informações. Enfim, as páginas são amarelas e claro que as letras não são grandes. Porém, como eu não tenho problema algum para leitura, então achei ótimo. Claro, não descarto a possibilidade de adquirir a edição comum, de orelhinhas e letrões. Não sei se eu seria capaz de resistir essa edição depois de ter gostado tanto do livro. 😍


Quanto a escrita... Affonso Solano, não pesquisei, e se você que está lendo é fã dele e sabe tudo da vida dele, me perdoe por saber menos, ok? Mas eu acho que esse cara jogou muito RPG. Sério! Ele é de uma imaginação dotada de uma fertilidade incrível! A narrativa é muito gostosa e dinâmica, o enredo te prende, e as descrições são bem ricas.  Eu não consegui acompanhar algumas poucas coisas, como certos movimentos, ou certas descrições de criaturas. Mas isso não tira o mérito de Solano (tira o meu, né? rs). Não lembro de ter encontrado erros de digitação ou qualquer coisa do tipo durante a leitura, a edição é muito bem feita em todos os sentidos.




E por aqui termino, dizendo mais uma vez que esse livro me surpreendeu e me empolgou. Espero que tenham gostado, e que tenha batido aquela vontadezinha marota de conhecerem também o nosso Espadachim de Carvão.


Se você gostou do nosso Espadachim de carvão, segue os links para sugestão de compras, todos pela Amazon, certo?

- Box com os dois volumes;
- O Espadachim de Carvão, Volume 1;
- O Espadachim de Carvão e as Pontes de Puzur, Volume 2;
- O Espadachim de Carvão. Tamtul e Magano e a Ameaça de Rumbaba.


Um super beijo lunar para todos vocês, até a próxima e mais uma vez obrigada pela leitura!😉














         




2 comentários:

  1. Oi linda!
    Amei a resenha. Gosto como você separa os assuntos, assim se alguém quiser saber algo específico é só procurar por tópico. Você é das minhas pra escrever bastante. Haha Eu tenho uma imensa dificuldade em resumir.🙈😂
    Gostei do livro. Não conhecia.
    Sou dessas que compra pela editora também.rsrsrs Mas a Leya eu não conheço tão bem. Só li o livro 1 dos peculiares deles.

    Beijos
    Resenhando por Marina

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    Respostas
    1. Oii, Marina!
      Então, menina... Minha menor resenha até agora! hahaha Eu tô tentando falar menos, vamos ver se eu mantenho! haha
      Então, a Leya é a editora das Crônicas de Gelo e Fogo (Game of Thrones), Wild Cards do George R. R. Martin também, , do Clube da Luta, O Aprendiz de Assassino (tô louca nessa série)e recentemente vi algo da Sylvia Day.

      Obrigada pela visita!
      Super beijinhos!♡

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